Pódio Urbano em Roterdã / Atelier Kempe Thill

© Architektur – Fotografie Ulrich Schwarz

Um catalisador no vazio da cidade

Localizada entre a catedral gótica de Sint Laurenskerk e o canal Delftsevaart, Grotekerplein, a praça foi formada apenas durante o período da reconstrução modernista do centro da cidade, que foi quase totalmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.

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Apesar de sua localização central, a praça não exerce um papel importante na vida da cidade, sem ruas comerciais como as que conectam o restante dos espaços público existentes, com poucos equipamentos que se orientam em direção a ela. Ao invés disso, um grande número de fundos de lotes definem a aparência e a atmosfera da praça, tornando-a espacialmente desinteressante e entediante. Logo, a ideia surgiu para ativar a praça programática bem como espacialmente através da construção de um pequeno pavilhão de teatro, com o intuito de preencher o vazio desagradável em meio ao tecido urbano.

Com a iniciativa do Rotterdam Rotary Club, um concurso arquitetônico foi organizado no outono de 2004, para o qual o Atelier Kempe Thill apresentou a proposta vencedora.

© Architektur – Fotografie Ulrich Schwarz

Contorno e transparência: um objeto urbano

O palco construído para teatro interpreta o trabalho de forma consistente e até mesmo um pouco surpreendente através de uma operação praticamente urbanística. A situação existente é tomada como um ponto inicial e melhorada através de um gesto forte e marcante. Uma estrutura de 40 metros de comprimento separa forçadamente a praça e o canal a fim de enfatizar a legibilidade espacial conferida a cada um deles. O palco ocupa praticamente todo o lado oeste da praça, resultando em um enquadramento determinado do espaço, o que cria um caráter mais íntimo e proporciona à igreja um contraponto.

© Architektur – Fotografie Ulrich Schwarz

O palco se estabelece na linha dos edifícios o que define a “zona do canal”; deste modo o canal Delftsevaart é enfatizado como um espaço urbano significativo. A estrutura por ela mesma é concebida como um volume aberto e transparente, mantendo a conexão visual entre a praça e a água, evitando uma restrição espacial. O resultado é um objeto que se apresenta como um catalisador na cidade: define espaço enquanto abre visuais entre eles, agindo como um filtro óptico, resumindo a paisagem urbana heterogênea de Roterdã. O impacto do objeto espacial é ampliado pela contenção no uso da cor em seu desenho.

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Liberdade programática: Pódio como palco

A plataforma do teatro foi concebida como um grande palco urbano. Dois núcleos de serviço com 5 metros de altura emergem de uma base de 50 centímetros. Entre estes dois volumes uma cobertura abriga um vão livre de 30 metros, resultando em um quadro aberto que configura o palco. Este espaço possui orientação dupla, ambas em direção à praça e à água, possibilitando que suas apresentações sejam vistas de ambos os lados. Uma possibilidade futura de arranjo visual seria posicionar a própria plateia no palco. O núcleo de serviços ao sul acomoda as cortinas do palco que medem 70 metros de comprimento quando esticadas. Dependendo do evento a ser realizado, esta cortina pode ser usada para ajustar o tamanho do palco ou até mesmo transformar completamente o pódio em um espaço fechado “cortinado”.

Corte

O caráter arejado e temporário do evento é então ressaltado pelo efeito do tecido móvel. O núcleo de serviços ao norte é reservado para uso dos artistas, abrigando banheiros, camarim e espaços de estocagem. A cozinha integrada também pode ser usada como um pequeno café. A estrutura do edifício desafia qualquer tentativa de codificação de um programa ou classificação tipológica. Ao invés disso, apresenta-se como um objeto que confronta o vazio, levantando questões e incitando tipos de uso inesperados. Qualquer determinação ou simbolismo ostentativo deve ser cuidadosamente evitado. Uma iconografia marcante emana da estrutura monumental que ao mesmo tempo permanece agradavelmente desobstruída. O resultado é uma composição clara que inspira a reunião da população de Roterdã.

© Architektur – Fotografie Ulrich Schwarz

Materialização: Máxima durabilidade e refinamento

O espaço urbano é usado agressivamente em Roterdã. Com uma materialização durável sendo uma demanda compulsória, o pódio foi totalmente construído em concreto e aço. O detalhamento busca a redução máxima a fim de que o objeto pareça monumental ainda que refinado. A estrutura consiste de concreto aparente quase totalmente branco através de um agregado de óxido de titânio. Uma construção de concreto protendido forma a cobertura do vão livre, possibilitando a presença de uma laje excepcionalmente fina, com espessura de 50 centímetros em direção às extremidades e 75 centímetros no seu centro.

© Architektur – Fotografie Ulrich Schwarz

O uso de pranchas extremamente longas (10m x 2,5m) auxiliou na redução ao máximo de juntas visíveis. Todas as instalações técnicas – cabos, conduítes elétricos e trilhos das cortinas – são totalmente integradas na construção. A superfície de concreto é revestida por uma camada de um produto especial anti-grafite.

© Architektur – Fotografie Ulrich Schwarz

Os volumes dos núcleos de serviço são revestidos com uma chapa leve de metal lisa, sendo que cada painel possui 5 metros de largura. As quinas são reforçadas com faixas metálicas. Uma barra de LED por trás da superfície metálica ilumina os volumes de serviços durante as noites, o que transforma o palco em uma escultura inesperadamente iluminada. Duas portas em chapas de metal – cada uma com 5 metros de altura – dão acesso aos núcleos. Como quase todos os elementos do edifício, estas são especialmente fabricadas.

Ficha técnica:

Equipe:

  1. Arquitetos: Atelier Kempe Thill
  2. Equipe de projeto: André Kempe, Oliver Thill, David van Eck With Teun van der Meulen, Kingman Brewster, Takashi Nakamura, Frank Verzijden

 

  1. Conclusão: 2009
  2. Custo total da construção: 798.500 euros – incluindo instalações prediais

 

Sobre este escritório
Cita: Fernanda Britto. "Pódio Urbano em Roterdã / Atelier Kempe Thill" 21 Mai 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-49764/podio-urbano-em-roterda-atelier-kempe-thill> ISSN 0719-8906

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